O Sínodo e a crise do matrimônio
  A questão dos divorciados casados novamente é importante, mas não pode tomar toda a atenção dos bispos.
  Em poucos dias inicia a assembleia sinodal (de 5 a 19 de outubro), que reunirá 253 membros. Os divorciados casados novamente merecem obviamente atenção, mas outros elementos merecem também extremo cuidado.
A crise do casamento pode ser constatada nas estatísticas dos Estados Unidos, por exemplo, onde o percentual de adultos casados caiu de 68% em 1950 para pouco mais da metade em 2012, e o número de crianças nascidas de mulheres não casadas é hoje mais de 40% do total. E não é uma questão relativa somente nos Estados Unidos. Nos últimos dez anos, as taxas de casamento na maior parte dos países europeus, até mesmo aqueles tradicionalmente católicos, estão despencando.

Essas tendências preocupantes estão presentes também entre os católicos americanos. Em 2003, quando a população católica dos EUA era de 66 milhões, havia mais de 242.000 casamentos católicos e mais de um milhão de batismos. Ano passado, com três milhões de católicos a mais, foram 164.000 casamentos e 763.000 batismos. Trata-se de praticamente 78.000 casamentos e 240.000 batismos a menos.

Os fatores econômicos e culturais foram colocados juntos para chegar a estes resultados. Olhando para esta situação, o que o Sínodo poderia dizer?

O documento de trabalho da assembleia, reassumindo os inputs dos bispos e de outras personalidades de todo o mundo, ressalta repetidamente a necessidade de um maior ensinamento e de uma maior explicação da doutrina católica sobre questões como a santidade, a indissolubilidade do matrimônio e a moral sexual, e sobre os sérios deveres que comportam. O ensinamento e a explicação são necessários não apenas nos cursos de preparação ao matrimônio, mas também nas escolas católicas e na educação religiosa, assim como no púlpito e nos meios ligados à Igreja.

Tudo isso é fácil de dizer (e sem dúvida será repetido no Sínodo), mas não simplesmente aplicável, sobretudo diante de uma cultura secular e da mídia secular que difundem mensagens muito divergentes sobre estes temas. Uma consequência óbvia é que o Sínodo deve ajudar as famílias católicas a se tornarem contraculturas domésticas - enclaves familiares conscientemente envolvidos na transmissão da fé e na participação na missa, e também na prática dos valores evangélicos.

A assembleia sinodal deste ano é um passo neste processo. Existirá uma outra em outubro de 2015, encarregada de formular recomendações específicas, e será seguida, provavelmente no início de 2016, por um documento pós-sinodal do Papa. Espera-se que os problemas das pessoas que vivem em “união irregular” não impeça de ver o quadro mais amplo.

Fonte: Ateleia

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